Gostaria de não ter nascido.
Nascer pra quê?
Pra fingir que gosto disso ou daquilo?
Ou de alguém?
Não! Não consigo dissimular.
Meu estômago é sensível.
E minha boca excêntrica
Come merda.
Silenciarei minha língua
Sou um inocente acorrentado
Atormentado
Angustiado.
Os pais destroem os filhos
Os filhos odeiam os pais
Dentro da educação doentia
A doença educada que nos cala.
Inteligência é ameaça
Burrice é moléstia.
Tristeza está ativa
A felicidade não existe.
Meu único amigo foi meu avô
Hoje, está enfermo da cabeça
O tempo é doença.
O tempo levou a sua inteligência.
Pra que então ser inteligente?
Se depois perdemos tudo?
Nunca vou me conformar.
Era tão inteligente
Tão inteligente
Hoje é um corpo
Meu avô não existe mais.
Nunca vou entender
Não posso entender!
Tudo é devaneio.
Uma ilusão de vida irreal.
O que fica são as fotografias.
O ensinamento.
O papel.
Nada mais.
Flávio Cuervo
23/01/2011
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