3 de abril de 2011

Heróis de Areia

Solidão nas trincheiras
Fogo no horizonte
Quilômetros de corpos fétidos
Chuva de sangue
Adubo de crânios.

Cerimônias funerais
Ao pé da cruz
Tórrida, negra e descrente.

Covas abertas a um palmo
Da realidade deste sonho
Que não acaba
Que não acabará.

Rio que se esvai
Rio de morte
Rio de pedra
Da queda
De corpos mortos
De areia e caos.

Fascínio dos vermes
Do cheiro ácido
Daqueles cérebros
Um dia moradia de mente.

Um sorriso na boca
De uma criança
Que brinca com a cabeça
De uma boneca
Com sua mão que lhe resta.

Seus olhos de cegueira
Suas bocas desdentadas
Seus pés de pó
Suas salivas atômicas.

Deserto de algo
De alguns que restaram
De vermes rastejantes
Da dor interior
Que os devora.


Flávio Cuervo

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