21 de janeiro de 2012

O Andarilho Violinista

A vida ofegante dos pesadelos urbanos.
Vai e vem de veículos e pessoas.
A morte na esquina.
O choro na maternidade.

A sensação de vida e morte presente.
O sorriso do senhor simpático.
O cumprimento ainda existente.
O “obrigado” ainda realidade.

Pingos do colírio nos olhos urbanos.
O sofrimento da rotina destrutiva e fiel.
A suave brisa da chuva que chega.
A tormenta que inunda a cidade.

Ouço um violinista na calçada presente.
Ao chão o chapéu pedindo moedas.
No firmamento os arranha-céus esfumaçados.
Nos ouvidos um pouco de musicalidade.

Sanando a loucura presente.
A música se propaga urbana.
A quimera voa pelos ares.
O andarilho músico se dissipa.

O murmúrio da fila do trem.
A gritaria da bolsa de valores.
Os berros dos vendedores ambulantes.
No desespero de assassinar o tempo.

O pêndulo que matou os dinossauros.
Que fará o sol apagar.
Executará os assassinos.
Concluirá a música do andarilho.

O som underground.
Os punks.
Os evangélicos.
Os puritanos.
As putas.

A sinfonia da vida presente.
Do violino do andarilho.
Os urbanos sons da cidade.
A sinfonia perfeita do caos.

O avião.
Os sapatos no chão.
As vozes robóticas dos telefones.
O carro.
O ônibus.
O caminhão da Coca-Cola.

Os alunos no educandário.
A rádio tocando Lobão.
O tiro no beco.
A batida na esquina.
A ópera no teatro.

A voz no aeroporto.
O gol no estádio.
O navio no porto.
O violino.
O andarilho.

Flávio Cuervo

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