Vejo-te
aproximando e calculo a distância entre nós, tento imaginar o que irá acontecer
quando tocá-lo e quem nesta história vai morrer.
Visto negro e vejo um vulto branco, tão
branco que chega a confundir meus sentidos.
Já
posso ver sua face: branca, pálida e bela. Seu olhar é fascinante, sedutor e
mortal. Sinto sua mente tentando me dominar, querendo destruir meu campo de
força.
Ao parar
diante de mim, olho em seus olhos e vejo meu reflexo neles, observo mais a
fundo e consigo ver o reflexo do reflexo do meu rosto. Sinto também que você
faz o mesmo e tenho a impressão de que me invejas.
Vou
penetrando nos espelhos do seu olhar. E sinto que não existe um fim, que a
imagem é universalmente infinita.
Levanto
minhas mãos e toco seus ombros, tão concretos e reais. Como um reflexo de mim,
fazes o mesmo e ao mesmo tempo nos tocamos. Agora sou o bem e o mal; o possível
e o impossível; a vida e a morte; o real e o imaginário. Tudo num só ser, que
agora somos nós.
Noto
minha mente se apagar e por uma fração de segundos sinto que estamos flutuando
no vácuo infinito. Você se encontra a minha frente e observo que tu tens a
minha face e você sente que tenho a sua.
Sentimos
que nesta história nunca vai haver um vencedor, não importa em que lado do
espelho nos encontremos. Só se por acaso este espelho se quebrar, mas mesmo se
quebrando, haverá outros para ver minha face refletida no infinito de nós dois.
Flávio Cuervo
04/05/2001
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