5 de maio de 2011

DOR

Ontem me disseram
Que os solitários
Só escrevem sobre si.

Tomam uma forma
De egoísmo mesquinho
Algo como um muro de concreto

Masturbam-se
Tornam-se ateus
Apodrecem num leito
Num leito de lençóis brancos.

Lembram-se dos velhos amores
Calam-se diante da fúria
Queimam-se com cigarros
Para aliviar a dor da lágrima
Que corre pelo corpo.

E quando chega alguém
Ele esconde o choro
Para mostrar que é forte
Para provar a si mesmo
Que a alma não existe.

Não quer o apoio de ninguém
Quer morrer poeta
Sublime amor perfeito
Que um dia sonhou em Ter.

E às 03:00 horas da manhã
Passa a navalha pelos pulsos
Porque as queimaduras
Não dão mais resultados.

Entristece-se pelo amor
E pela dor que parece ser no coração
Não grita nem reclama
Pois a dor de quem ama
É melhor que a solidão de quem vai.

Elias está jogado ao chão
Com sangue, bebidas e cigarros de maconha
No seu rádio toca aquela música
No seu rosto a última lágrima.

O último segundo de uma vida
O início de sonhos
Na cabeça de uma alma
Que flutua e ri
Por estar nascendo.


Flávio Cuervo

* esta foi uma das minha primeiras poesias. Muito marcante. Me lembro de muitas coisas através dela e também de um amigo que se foi. Mas a morte no texto é mera ficção. Ou meu sub-consciente me dizendo alguma coisa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.